maio 1, 2025
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CPI da Grilagem: Moradores da Gleba Ajarani denunciam ameaças, incêndios e prisões ilegais por grileiros

As glebas em Roraima estão, em grande maioria, nas áreas rurais e pertencem ou pertenceram ao governo federal.

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Durante a 10ª reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR), realizada na tarde desta quarta-feira (30), moradores da Gleba Ajarani, localizada no município de Iracema, denunciaram uma série de abusos envolvendo grileiros de terras. Segundo os relatos, eles têm sido alvo de ameaças, prisões arbitrárias com apoio de policiais civis, roubo de armas e até incêndios em suas residências, numa tentativa de intimidação para tomada ilegal dos lotes.

A Gleba Ajarani compreende as vicinais Forró, Mamão, Nova Floresta e do Chapéu. Como outras glebas em Roraima, a área se situa em zona rural e pertenceu originalmente à União, podendo ser transferida ao governo estadual para fins de regularização fundiária, agrícola, ambiental ou social.

No plenário Valério Caldas de Magalhães da Casa Legislativa, os deputados ouviram os moradores Breno da Silva e Paulo Adailton de Souza e Silva, representantes da comunidade local, a convite do presidente da ALE-RR, deputado Soldado Sampaio (Republicanos). Após ouvir os depoimentos, o parlamentar destacou:

“Nós olhamos para essas pessoas e percebemos, de fato, que são trabalhadoras, pessoas queimadas de sol, com a mão calejada, que se identificam com o perfil de agricultor familiar e estão sendo importunadas de alguma forma. Então nós não podemos compactuar com isso, vamos tomar as providências no que compete à CPI.”

Paulo Adailton, que vive na região desde 2012 junto com mais de 120 famílias, foi o primeiro a prestar depoimento. Ele afirmou que os conflitos com grileiros são antigos e constantes.

“Nós vivemos uma vida sofrida, com os fazendeiros nos ameaçando. Eles entram nas casas, pegam os alimentos dessas pessoas, colocam fogo, roubam as espingardas e levam presos com ajuda de policiais civis que estão contribuindo com os grileiros. Nós pedimos que a comissão nos ajude para que essas pessoas sejam punidas”, declarou.

Em seguida, Breno da Silva relatou viver na Gleba há quatro anos, enquanto a família de sua esposa reside no local há mais de 15. Ele denunciou que um empresário teria cercado grande parte dos lotes da comunidade.

“Famílias foram surpreendidas com pedras marcadas dentro dos seus lotes, que fazem fundo com os terrenos do empresário Petrúcio Salvador dos Santos, sócio do supermercado Gavião. Eles perderam parte dos seus lotes. Inclusive o senhor Petrúcio, sem comunicar aos agricultores, colocou máquinas para fazer alteração da divisa”, contou.

Outros moradores também relataram situações semelhantes, afirmando que cultivam diversas culturas na região e dependem exclusivamente da produção agrícola para sobreviver. Eles pedem apoio do poder público para a regularização fundiária.

Próximos passos

A comissão orientou os moradores a reunirem documentos que comprovem posse legítima e atividade produtiva nos lotes, além de boletins de ocorrência sobre as ameaças e violências sofridas. Todo o material deverá ser apresentado ao Instituto de Terras e Colonização de Roraima (Iteraima), com apoio do setor jurídico da ALE-RR.

O presidente da CPI, deputado Jorge Everton (União), enfatizou que o trabalho de apuração continua, e que o objetivo é garantir a segurança jurídica dos pequenos produtores.

“Há muitos processos a serem analisados, mas já identificamos grileiros e os crimes praticados, vários passos foram dados e conseguimos chamar a atenção dos Poderes, cujos representantes foram convidados pela Assembleia para apresentação de todas as irregularidades, e houve ainda comunicação de tudo de forma transparente à imprensa. Agora, cabe ao Ministério Público e ao Poder Judiciário tomar as providências necessárias para punir os responsáveis e garantir a terra a quem é o verdadeiro proprietário”, afirmou.

Participaram da reunião o relator da CPI da Grilagem de Terras, deputado Renato Silva (Podemos), além dos deputados Chico Mozart (Progressistas), Gabriel Picanço (Republicanos) e Neto Loureiro (PMB), estes como convidados. A sessão está disponível no canal oficial da Assembleia Legislativa no YouTube.

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