A prefeita de Amajari, Núbia Lima (PP) prorrogou por mais 12 meses um contrato com a empresa João de Barro Comércio e Serviços LTDA, alvo de investigação da Polícia Federal (PF) por envolvimento em suposto esquema de fraudes em licitações e pagamento de propina a servidores públicos no município de Bonfim.
O aditivo foi publicado no Diário Oficial dos Municípios de Roraima (DOM-RR) desta quinta-feira, 17. O extrato informa que o termo aditivo tem origem no Processo Administrativo nº 037/2023 e foi assinado em 6 de janeiro de 2025.
Com sede na Rua Estrela D’Alva, no bairro Jardim Tropical, em Boa Vista (RR), a João-de-Barro Comércio e Serviços atua sob o CNPJ 04.382.316/0001-46 e está registrada como empresa de pequeno porte (EPP), com natureza jurídica de sociedade empresária limitada.
Fundada em abril de 2001, a empresa possui nome fantasia João-de-Barro Materiais de Construção e está cadastrada com atividade econômica principal no comércio varejista de materiais de construção em geral (CNAE 4744-0/99).
Contratos em Bonfim
Em Bonfim, onde a João de Barro acumula pelo menos 56 contratos apenas durante a gestão do ex-prefeito Joner Chagas (Republicanos), os valores firmados ultrapassam R$ 93 milhões, conforme levantamento do Portal O Fato. Os contratos contemplam diversas finalidades, incluindo um de mais de R$ 60 milhões para manutenção da iluminação pública urbana e em comunidades indígenas.
Investigação da Polícia Federal
A empresa entrou na mira da Polícia Federal após denúncias indicarem que altos valores estavam sendo sacados em espécie para o pagamento de propinas. Durante uma operação realizada em Boa Vista, a PF prendeu Cleber da Costa Gonçalves — irmão do proprietário da João de Barro —, além de Cirilo Francis de King Campos Júnior, então presidente da Comissão Permanente de Licitação de Bonfim, e Aluízio Rodrigues de Menezes, motorista do prefeito.
Segundo as investigações, os recursos desviados estariam ligados a licitações feitas “a pretexto de custear evento cultural”, como os Festejos de Bonfim. Um desses contratos, no valor de R$ 2,5 milhões, é citado em relatório da PF como suspeito.
A empresa teria recebido R$ 1,6 milhão da prefeitura dias antes da operação, mesmo sem que houvesse, à época, contratos publicados no Portal da Transparência, o que levantou suspeitas sobre a legalidade das transferências.