A decisão da Justiça de Roraima de anular a fase psicotécnica do concurso da Polícia Penal trouxe esperança para 200 candidatos que haviam sido eliminados nesta etapa. A ação popular, movida pelo advogado Gustavo Hugo de Andrade, resultou na reavaliação dos candidatos que irão refazer essa etapa do certame, podendo serem aprovados e futuramente convocados.

O advogado destacou o impacto da decisão na vida dos concorrentes. “A ação popular vai mudar a vida de 200 pessoas. Duzentos candidatos que foram eliminados vão retornar. Então mexe com a vida, traz esperança, é um feito histórico. Nunca houve uma ação popular dessa magnitude, com tanto impacto em tantas pessoas”, afirmou Gustavo Hugo.

A anulação da fase psicotécnica ocorreu após a comprovação de irregularidades graves no processo seletivo. Entre os problemas identificados, houve a falsificação de assinaturas em laudos psicológicos e a manipulação de resultados para favorecer ou eliminar candidatos de forma arbitrária.

Além disso, constatou-se que alguns profissionais responsáveis pela avaliação sequer participaram do processo, tendo seus nomes usados indevidamente em documentos oficiais. Essas falhas comprometeram a transparência e a imparcialidade da seleção, levando a Justiça a invalidar a etapa.

Com a decisão, os candidatos que ainda não passaram por essa etapa do concurso terão uma nova chance. O Estado foi obrigado a realizar uma nova avaliação dentro de 60 dias, contando a partir da segunda quinzena de março, sob pena de multa diária. Apesar disso, a Justiça optou por manter os candidatos já nomeados para evitar prejuízos à segurança pública.

Candidatos comemoram reviravolta

Os candidatos prejudicados relataram anos de incerteza e frustração, mas agora voltam a ter esperança. Sederruz Costa, que chegou a concluir o curso de formação há quatro anos, viu seu nome ser retirado da lista de nomeação na véspera da posse.

“Hoje o sentimento é de gratidão, por novamente poder sonhar em fazer parte da segurança pública de Roraima. Principalmente eu, que concluí o curso de formação há quatro anos, fui inserido na lista de nomeação e depois retirado às vésperas da posse. Sempre tivemos fé que um dia essa situação seria resolvida na Justiça”, afirmou Sederruz.

Ele também elogiou o advogado responsável pela ação. “Temos muita sorte de ter encontrado um advogado ético e profissional como o Dr. Gustavo Hugo, que sempre esteve na linha de frente, nos acompanhando e trabalhando para chegarmos ao resultado que temos hoje. O mérito da nossa ação é dele”, declarou.

Outro candidato, Jonevilson de Alcântara, lembrou das dificuldades enfrentadas nos últimos anos. “Fato que em 2021, quando foi feito o teste psicológico, houve essa fraude já comprovada pela Justiça. De lá para cá, a gente brigou muito para manter o concurso, com liminares e outros recursos, tanto administrativos quanto judiciais, mas sem êxito”, disse.

Ele ressaltou os prejuízos causados pela exclusão do concurso. “A gente conseguiu concluir todas as fases da formação, mas não conseguimos tomar posse. Já era para estarmos trabalhando há dois anos. Passamos por dificuldades, muitos colegas ficaram desempregados, contando com o concurso e com a vaga que conquistaram justamente”, relatou.

Expectativa pela nova avaliação

Os candidatos aguardam agora a realização do novo teste psicotécnico, determinado pela Justiça. No entanto, Jonevilson destacou que muitas injustiças já ocorreram e que medidas reparatórias precisam ser tomadas.

“O Estado sempre foi conivente, nunca buscou entender a realidade da situação. Sempre deixou a banca organizadora falar por si. Se for possível, vamos entrar com uma ação indenizatória para reparar os danos sofridos até hoje”, afirmou.

Ele também criticou a forma como as nomeações foram conduzidas. “Vimos candidatos com notas muito inferiores às nossas, tomando posse em nossa frente. O correto seria chamar pela ordem de classificação, mas isso não aconteceu. Esse erro causou uma grande frustração”, desabafou.